Para que vcs entendam melhor o que é o "Caixas Pretas sobre Cubo Branco", que eu ando falando tanto aqui, estou transcrevendo o texto de apresentação da exposição, feito por Bete Gouveia, diretora do Instituto de Arte Contemporânea do Recife.
Caixas Pretas sobre Cubo Branco - Texto de Apresentação da Exposição
Apresentação grupo Amplexo
Por Bete Gouveia*
CAIXA s.f. (lat. Capsa). Receptáculo, geralmente com a forma de um paralelepípedo retângulo, mas que pode também ter outra forma qualquer, com ou sem tampa, de madeira, papelão, folha-de-flandres ou outro material, para guardar, acondicionar ou transportar qualquer coisa ou mercadorias.
No território da arte, porém, a caixa tem assumido o papel de poderoso suporte, capaz de dialogar com distintos campos poéticos. Além de possuir uma configuração maleável, e ter a possibilidade de ser construída a partir de uma imensa gama de materiais, a caixa comporta duas situações espaciais, uma interna e outra externa.
Sua realidade interna é a que mais se confunde com o seu sentido literal, o sentido de guardar qualquer coisa, matérias orgânicas ou inorgânicas, vivas ou mortas, segredos, mercadorias, lembranças, mistérios, sonhos, sutilezas, desejos... Externamente, ela dialoga com o espaço-caixa donde está inserida e com uma infinidade de formas que a circundam, incluindo aí a forma humana.
No sentido espacial e metafórico, vale lembrar que o corpo humano obedece a mesma configuração de uma caixa, uma vez que guarda tantas coisas dentro de si: sangue, ossos, vísceras, segredos, lembranças, sutilezas... Externamente, também se relaciona com o espaço-caixa donde se insere: da arquitetura, dos objetos ao nosso redor, dos veículos que nos transportam..., e quem sabe, com a própria finitude do universo. Sendo essa hipótese verdadeira, viveríamos então dentro de uma incomensurável e limitada caixa?
Assim, a caixa possui uma natureza híbrida, podendo se transmutar em infinitas dimensões e formatos, em correlação com a sua constituição material.
A exposição “Caixa Pretas Sobre Cubo Branco” é uma obra do Grupo Amplexo que atua em dois campos. O Grupo denominou-a de instauração, termo que abrange o conceito de ação + instalação. Como instalação, ela se traduz pela sua relação espacial com o cubo branco, e como ação ela funciona como obra aberta a participações, não só de artistas profissionais, mas às pessoas que se sensibilizaram com esse suporte. É uma obra que também rompe barreiras territoriais, com participações regionais, nacionais e internacionais.
A forma escolhida foi a de um pequeno cilindro escuro que, multiplicado, assume o papel de fio condutor que permeia a heterogeneidade das obras expostas. Suas dimensões diminutas, concentram, restringem, recolhem, guardam ou preservam, como também, expandem, transformam-se, desdobram-se e multiplicam-se, apontando para múltiplas subjetividades.
Bete Gouveia
Recife, 05 de agosto de 2010
* Bete Gouveia é Diretora do IAC, artista e professora da UFPE.
Que beleza, Ana! Vamos divulgar, sim! Quanto mais melhor!
ResponderExcluirBelo texto de apresentação para uma exposição que faz por onde. Perfeito. Parabéns à Bete Gouveia.
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