segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

DE VOLTA PRO ANO NOVO



A minha amiga Ângela e eu adoramos trocar umas figurinhas; temos afinidade! Sabe como é essa coisa de afinidade, não é? Afinidade transcende questões de tempo - contemporaneidade; tem mais a ver com ancestralidade, eu acho, coisas que vêm de longe, não sei. Porque é uma coisa que independe das nossas "capacidades" culturais. Quem tem afinidade com alguém não pretende mudar essa pessoa, também não é uma questão de aceitar ou não. Afinidade é se sentir com, mesmo longe, é pensar junto sem saber, é nem precisar falar; os assuntos, qdo interrompidos, são retomados muito depois, como se nunca se houvesse. Neste momento, ela está lá no estado do Rio de Janeiro e eu aqui, não nos falamos verbalmente desde a virada do ano, mas estamos conectadas de alguma forma.
Outro dia, voltava pra casa ouvindo uma música no rádio do carro e refletindo sobre a letra; falava de amigos, de quantos amigos ainda temos, depois de dez anos. Qdo abro o meu blog, está lá uma postagem do blog da Ângela, falando da mesmíssima música - fiquei toda arrepiada, porque afinidade não é coincidência, é advinhação.
Ângela e eu adoramos escrever. Ela, uma cantadora, tem vocabulário rico e estilo envolvente, e nos delicia com as suas histórias do Arco da Velha, literalmente. Conta histórias de um tempo bonito, de pessoas comuns (naquela época, hoje quase não existem), de casas, de almoços em família, de festas com amigos. Também tem algum drama pessoal, alguns serás; tb tem recados maravilhosos para filhas, netas...Amigas, que nem eu. Ângela é uma estudiosa da psicologia humana, feminina especialmente; não julga, não olha de fora, enfim, é tanta e rara. Qdo se espalha, o faz numa linguagem poética e com bastante humor.
Eu, uma virginiana, faço a resenha do cotidiano, nem sempre doce, nem sempre amarga, mas severamente crítica. Minhas histórias nem sempre agradam, até porque são muito claras e falam de coisas que não gostamos de saber/assumir.
Tinha me prometido, depois das eleições, escrever apenas sobre arte e coisas amenas, mas para quem é artista é difícil se distanciar da realidade, por mais contraditório que isso possa parecer; qdo nos descobrimos artistas, desenvolvemos a crítica, não aquela facilidade de reclamar de tudo, mas a capacidade de enxergar com clareza e isenção. É duro!
Quero avisar que não consigo manter um blog para falar de coisas amenas, e outro, ou um diário secreto, para falar das minhas angústias e indignações com o que eu tenho que viver e ver.
Não faço terapia, não disponho de recursos para manter um divã, também não tenho confidentes; sei que posso contar com minha amiga Ângela e tenho uma companheira que divide comigo todas as preocupações do dia-a-dia, mas, ainda assim, preciso botar a boca no trombone, seja por aqui, ou na tela, ou sei lá!
Portanto, estamos de volta...

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