A mostra Geografia
Internas de Eni Ilis
reúne 23 desenhos
inéditos realizados com caneta
esferográfica sobre papel cartão, no espaço do CCLA - Centro de Ciências Letras
e Artes -, na rua Bernardino de Campos, 989 –
centro Campinas- SP.
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Curadoria de João Bosco.
Em Eni Ilis, percebemos que a força de seu traçado e de suas linhas reside não na pressão desmedida do lápis, como poderíamos pensar ao falarmos de força, mas, na delicadeza e no domínio com que trabalha esta ferramenta tão pouco utilizada em tempos de computadores, celulares, tablets, redes sociais. É neste suave controle, de uma disciplina rigorosa, que sua linha flui leve, porém intensa, forte, em um desenho que demonstra a sua segurança ao fazer. Seu desenho corre sem hesitar e se se retém, em algum momento, é apenas para demonstrar de forma mais incisiva o que já se sabe. Uma espécie de parada para reforçar o que se quer afirmar, como quem diz: ei, é isto mesmo que você está vendo?! As linhas de Eni nos provocam e conduzem para dentro de seu universo onírico, mitológico, fabuloso e por que não dizer surreal? Constrói uma realidade suspensa, que nos faz questionar a nossa própria realidade.
Ao longo da história da humanidade e consequentemente da arte, dos gregos, aos egípcios, passando pelos povos do oriente médio aos povos da Ásia, ou ainda seguindo a trilha deixada pela cultura greco-romana; de Platão à Vasari; vários foram os autores que se ocuparam e discorreram sobre a maravilha do ato de perceber e fazer arte, e neste caso, o ato de desenhar. As conjecturas advindas desta ação, em geral, eram consideradas, e ainda são de alguma maneira, como uma forma para se materializar nosso entendimento do mundo. Basta para isto entendermos o desenho como um canal ou meio para a construção de uma realidade possível, utópica por vezes, mas, capaz de gerar conhecimento e transformar o mundo real. É conhecida a ideia de Leonardo da Vinci que em seus escritos, avisa-nos que o desenho é pertencente ao campo do mental, portanto, razão. Porém, sabemos hoje por meio de autores contemporâneos e igualmente estudiosos deste assunto, que sua complexidade em materialização se dá por caminhos nem sempre precisos. Como chega até nós, como se configura e se materializa; se é por meio de sonhos, em um mundo sutil e subconsciente, ou por auxílio de facilidades tecnológicas; ou quem sabe, fruto de intensa procura e observação, embasado em sólidas referências e por um estudo rigoroso da forma; há os que defendem uma concepção metódica, por meio de regras e há também os que romperam com estes métodos desde o modernismo, adotando para si a abolição total de regras a serem seguidas. Seja como for, o trabalho de Ení revela muito mais de nosso mundo, mesmo quando discute algo íntimo, pessoal. É que temos características universais, humanas, dores, medos, amores, alegrias, tristezas, uma infinidade de sentimentos e sensações. E ainda que Eni recorra apenas ao seu universo pessoal, quando fala de si, fala de todos nós. Portanto, seu desenho se torna um exercício de meditação e introspecção coletiva.
Guarulhos, 30 de dezembro de 2015
Alexandre Gomes Vilas Boas
Artista errante insistente
Em Eni Ilis, percebemos que a força de seu traçado e de suas linhas reside não na pressão desmedida do lápis, como poderíamos pensar ao falarmos de força, mas, na delicadeza e no domínio com que trabalha esta ferramenta tão pouco utilizada em tempos de computadores, celulares, tablets, redes sociais. É neste suave controle, de uma disciplina rigorosa, que sua linha flui leve, porém intensa, forte, em um desenho que demonstra a sua segurança ao fazer. Seu desenho corre sem hesitar e se se retém, em algum momento, é apenas para demonstrar de forma mais incisiva o que já se sabe. Uma espécie de parada para reforçar o que se quer afirmar, como quem diz: ei, é isto mesmo que você está vendo?! As linhas de Eni nos provocam e conduzem para dentro de seu universo onírico, mitológico, fabuloso e por que não dizer surreal? Constrói uma realidade suspensa, que nos faz questionar a nossa própria realidade.
Ao longo da história da humanidade e consequentemente da arte, dos gregos, aos egípcios, passando pelos povos do oriente médio aos povos da Ásia, ou ainda seguindo a trilha deixada pela cultura greco-romana; de Platão à Vasari; vários foram os autores que se ocuparam e discorreram sobre a maravilha do ato de perceber e fazer arte, e neste caso, o ato de desenhar. As conjecturas advindas desta ação, em geral, eram consideradas, e ainda são de alguma maneira, como uma forma para se materializar nosso entendimento do mundo. Basta para isto entendermos o desenho como um canal ou meio para a construção de uma realidade possível, utópica por vezes, mas, capaz de gerar conhecimento e transformar o mundo real. É conhecida a ideia de Leonardo da Vinci que em seus escritos, avisa-nos que o desenho é pertencente ao campo do mental, portanto, razão. Porém, sabemos hoje por meio de autores contemporâneos e igualmente estudiosos deste assunto, que sua complexidade em materialização se dá por caminhos nem sempre precisos. Como chega até nós, como se configura e se materializa; se é por meio de sonhos, em um mundo sutil e subconsciente, ou por auxílio de facilidades tecnológicas; ou quem sabe, fruto de intensa procura e observação, embasado em sólidas referências e por um estudo rigoroso da forma; há os que defendem uma concepção metódica, por meio de regras e há também os que romperam com estes métodos desde o modernismo, adotando para si a abolição total de regras a serem seguidas. Seja como for, o trabalho de Ení revela muito mais de nosso mundo, mesmo quando discute algo íntimo, pessoal. É que temos características universais, humanas, dores, medos, amores, alegrias, tristezas, uma infinidade de sentimentos e sensações. E ainda que Eni recorra apenas ao seu universo pessoal, quando fala de si, fala de todos nós. Portanto, seu desenho se torna um exercício de meditação e introspecção coletiva.
Guarulhos, 30 de dezembro de 2015
Alexandre Gomes Vilas Boas
Artista errante insistente
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